segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Um amor como outro qualquer- Agatha Aranza

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Um amor como outro qualquer - Agatha Aranza
Projeto Edição Popular

         Detesto rótulos. Feminino ?Não, eu me considero afetuoso, sou capaz de amar sem medida e me dedicar a qualquer pessoa que me trate com carinho e respeito.
          Na minha casa amor é uma palavra que não é economizada,moramos eu,minha irmã Audrina,meu noivo Flávio e o marido da minha irmã chamado Marcell,ambos esperando o término da reforma do apartamento deles ao lado do nosso.
          Vivemos no nosso mundinho maravilhoso graças a uma regra criada por Flávio, comentários ou conversas desagradáveis não entram em casa.
          Sempre que saio nas ruas percebo o contraste entre o meu lar maravilhoso e o cotidiano nas ruas, algumas pessoas julgam minha maneira de amar outras se perguntam como deve ser minha rotina com Flávio, eu só posso dizer que me sinto realizado ele me apóia como um amigo,as vezes me aconselha como um pai faria e sempre me ama de maneira apaixonada como o homem da minha vida.
          Ele trabalha na prefeitura da cidade enquanto eu tenho uma pequena mercearia,moramos em uma cidade pequena próximo da capital.
          Certa tarde apareceu um menino de rua pedindo dinheiro em minha loja,eu me recusei a lhe dar o dinheiro porém, lhe disse que se quisesse poderia comprar um lanche para ele.O menino não se sentiu totalmente a vontade com a ideia,mas a fome o impediu de recusar minha oferta,telefonei  para minha irmã e lhe pedi que quando trouxesse o almoço colocasse um prato a mais.
          Ela não demorou a chegar na mercearia,já havíamos combinado de almoçar os juntos naquele dia,tanto eu quanto ela nos surpreendemos com a voracidade que o menino devorou a refeição.
          Nos dias posteriores,o menino passou a vir todas as tardes almoçar conosco,contamos para Flavio e Marcell sobre o menino,seu nome era Claudio era moreno,pequeno e magro demais para sua idade muito embora seus olhos pareciam duas jabuticabas tudo ao redor chamava sua atenção como se qualquer coisa que fosse diferente de sua rotina lhe fascinasse,ele tinha 8 anos seus pais haviam morrido e seu padrasto o colocou na rua.
          Flavio se sensibilizou com a história de Claudio porém, ele era mais sensato do que eu e sabia que os vizinhos nos censurariam se tentássemos adotar o menino jamais havia sentido vontade de ter filhos ,mas naquele momento senti que aquele menino era como se fosse meu próprio filho,eu o alimentava,o ensinava a ler e minha irmã me ajudava a cuidar dele compramos algumas roupas para ele sem nos importar com o ar de desconfiança e menosprezo de alguns vendedores nas lojas e poucos vizinhos que não acreditavam em nossas boas intenções.Falar era fácil quando nenhum deles teve a iniciativa de alimentar o Claudio quando ele estava na rua.
          Desde que Claudio surgiu em nossas vidas os dois sentiram como se fossem uma família completa,estavam fazendo planos para adotar o menino quando surgiu a ideia de que eles o adotassem e todos nós cuidassemos de Claudio,e sabíamos que se tratando de uma criança toda ajuda era útil.
            No dia seguinte conversamos com Claudio sobre a ideia que o deixou maravilhado,assim não precisaria dormir nas ruas.
Flavio conversou com alguns amigos e conseguiu um advogado para legalizar a adoção entraram em contato com o Conselho Tutelar da região e após um longo período de análise e visitas determinaram a adoção de Claudio.

Dois anos depois

          Finalmente havia chegado o aniversário em comemoração aos 10 anos de Claudio,era uma data especial marcava o primeiro ano que estávamos vivendo como uma família completa. O apartamento da minha irmã estava decorado com várias figuras do Homem de ferro,Claudio amava aquele personagem muito embora ele dormisse na casa da minha irmã assim que ele voltava da escola ficava no meu apartamento até a hora de dormir,ali ele brincava e no fim da tarde eu o ajudava a fazer as tarefas escolares até ele adormecer,quando ele já estava dormindo eu ou Flavio  íamos até o apartamento da minha irmã e o colocavamos na cama,as vezes nós quatro nos revezavamos em dias alternados para contar histórias para Claudio quando ele se negava a dormir.
          Não me arrependo do fato de minha irmã ter adotado Claudio ao invés de mim,porque correriámos o risco de que adoção demorasse para ser autorizada e o que mais me importava naquele momento era a felicidade do Claudinho.Ele me considera seu pai e o amor dele é o suficiente para me fazer feliz. O meu apartamento do lado do apartamento da minha irmã,vivemos muito próximos nos apoiamos sempre em todas as decisões Flavio as vezes me comove com seu cuidado extremo com Claudio eu aprendi cada vez mais valorizar a felicidade que tenho.
          Quanto aos outros,aqueles que julgam que não merecemos a a felicidade que temos aprendi com a vida que certas pessoas nos criticam porque algum momento no passado elas não tiveram a coragem e ousadia para lutar por algo ou alguém poderia lhes fazer felizes como nós fizemos.Eu não me arrependo de amar e ser amado vivendo um amor como outro qualquer.

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